Após meses de uma profunda estiagem, as chuvas de Janeiro lavaram a alma do Cerrado. O alaranjado deu lugar a um verde consistente; o solo agreste de repente encharcou-se; pequeníssimos rios subitamente brotaram de onde supunha-se impossível. No Planalto Central, a temporada das águas sempre devolve a vida que o sol retira.
Existe ali próximo a Bocaina do Farias um córrego chamado Ribeirão. Ele nasce depois das fazendas que margeiam a GO-118 e corre rumo ao Vale do Paranã, recebendo ao longo do caminho a vazão de 3 ou 4 córregos tributários apinhados de vegetação. Praticamente todo o leito permanece trancafiado num sulco de vários metros de altura. Ou seja, o Córrego Ribeirão não tem acesso fácil.
Visto do satélite, o ponto em que as águas do córrego iniciam a descida ao Paranã – e estamos chamando de Salto do Ribeirão – é confuso. Aos olhos, uma queda interrompida em degraus parece provável, mas analisando o perfil altimétrico, o desnível é de incríveis 241 metros e tem inclinação média de quase 90%. Isso indica uma queda livre e altíssima. Mas, devido a natural imprecisão do Google Earth, essa altura pode cair significativamente, colocando-a na faixa de 100 e 150 metros. Mas são apenas suposições…
Foram 2 expedições para tentar alcançar o Salto do Ribeirão. A primeira tentou cruzar diretamente o córrego e seguir mais ou menos em linha reta até encontrar o topo da cachoeira. Serviu mais para conhecermos a região e perceber que seria muito difícil acessar o leito do Ribeirão sem um trabalho de cordas (e mesmo assim não valeria a pena).
A segunda expedição foi mais certeira e direto ao ponto. Após várias horas abrindo trilha, mas dessa vez contornando os tributários do Ribeirão e passando pelo Lajeado da Onça (uma pequena e inclinada queda), chegamos na encosta direita do Salto. Já dava para ouvir as águas se preparando para o salto e ver uma cachoeira de até uns 15 metros logo antes da principal. Infelizmente não conseguimos visualizar o Salto do Ribeirão, já que a encosta ficava cada vez mais íngreme e as árvores bloqueavam na direção do vale. Aparentemente era possível descer ainda mais. Preocupados com o horário, no entanto, decidimos voltar.
Foram 12km caminhados num lugar de difícil acesso. Outras expedições certamente virão para desbravar outros lugares incríveis que a região esconde. É preciso correr contra o tempo, antes que a seca volte com toda a sua força.
além da bocaína, conhecem label, cantinho ou lapa do antônio do cerrado?
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Olá, Giovani! Sim, conhecemos, muito embora esses locais não se encaixem muito em nossa definição de exploração. Mas são lugares sensacionais.
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